O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a ocupação das favelas do Rio de Janeiro pelo Exército. "Obviamente é grave o que aconteceu, ou seja, não se sabe quem ocupou um quartel e roubou armas. Nós não podemos permitir que isso continue a acontecer", disse ele a jornalistas durante à visita oficial em Londres."Se houve violência é sempre a confirmação de que a violência gera a violência e que, portanto, nós gostaríamos que não acontecesse. Mas de qualquer forma o Exército tem que procurar aquilo que é seu", completou o presidente.
Nesta quarta-feira à noite, os militares do Exército voltaram a ser atacados por traficantes do Rio de Janeiro durante operações em favelas cariocas para recuperar armamentos roubados de um quartel. A ocupação gerou protestos dos moradores dos morros.
Os militares mantêm o cerco nas estradas e pelo mar, para tentar recuperar os dez fuzis e uma pistola roubados na semana passada de um quartel em São Cristóvão, zona norte do Rio.
"É um processo lento. Já chegaram mais de 500 pistas para nós, algumas verdadeiras e outras na verdade com o objetivo de despistar as investigações", disse o coronel Barreto.
Ele reiterou que a operação não tem prazo para terminar e só deve ser concluída quando as armas forem recuperadas. O coronel descartou a possibilidade de o Exército permanecer patrulhando o Rio de Janeiro após a conclusão da operação.
Dados da Secretaria de Segurança Pública mostraram que os índices de criminalidade diminuíram com a presença militar nas ruas. "É bom que se esclareça que não é uma operação de segurança pública, mas simplesmente para recuperar armas roubadas e mandar um recado ao tráfico de que o crime de roubar armas do Exército não compensa", disse o professor Ignacio Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
"Esta operação, no médio e longo prazo, não se sustenta e a cada dia que passa ela fica mais difusa. Esse tipo de operação não tem muita chance de recuperar as armas roubadas, mas muito mais de pressionar para que sejam devolvidas".
O Exército também reconhece haver dificuldade de manter as tropas nas ruas por muito tempo. "As consequências positivas dessa operação que estão ocorrendo nos deixam satisfeitos, mas não existe nenhuma possibilidade no momento de permanecermos por mais tempo nas ruas do Rio, até porque essa não é a nossa função constitucional", completou o coronel Barreto.
Segundo ele, o Exército pode ser convocado para trabalhar nas eleições e nos Jogos Pan-Americanos de 2007, que acontecerão no Rio, se for solicitado.
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