O plenário aprovou a absolvição do deputado Wanderval Santos (PL-SP). A decisão contrariou parecer do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que recomendava sua cassação por quebra de decoro parlamentar porque seu motorista, Célio Marcos Siqueira, sacou R$ 150 mil de uma conta do empresário Marcos Valério de Souza no Banco Rural.Do total de 444 parlamentares votantes, 179 votaram pela absolvição e 242 pela cassação. Houve 3 votos em branco e 20 abstenções. Eram necessários 257 para a cassação, ou seja, faltaram apenas 15 votos. É a primeira vez que um deputado tem mais votos pela cassação, porém é absolvido. Isso acontece graças ao quorom baixo em plenário.
Membros do Conselho de Ética receberam a notícia com indignação. O relator do processo, deputado Chico Alencar (Psol-RJ) diz que a a moralidade pública acabou. "Todos estão perdendo a compostura e a moralidade. Está acontecendo a banalização dos processos disciplinares", afirmou.
Alencar disse ainda que não esperava pelo resultado. "Recebi a notícia com surpresa. O meu relatório foi muito elogiado. Além disso, o Wanderval tem toda uma história de corrupção", disse.
O presidente do Conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), declarou acreditar que, infelizmente as votações estão perdendo toda a importância. "Sinto realmente que alguns deputados não estão motivados. Não dá para analisar o que podemos fazer para mudar isso".
Wanderval recebeu a notícia na liderança do PL na Câmara junto com o líder do partido. Ele afirmou que sempre carregou a convicção de que era inocente e negou que tenha havido algum tipo de articulação para absolvê-lo. "Foi uma decisão soberana do plenário", disse. O deputado negou que o quórum estivesse baixo e que o número de deputados presentes tenha influenciado a votação.
Em sua defesa, ele afirmou que não tinha conhecimento do saque de seu motorista e que também não havia sido beneficiado com o dinheiro. Disse que seu motorista estava a serviço do coordenador da bancada da Igreja Universal do Reino de Deus, o ex-deputado Carlos Rodrigues. E acrescentou que, ao contrário do que havia afirmado o relator, "nunca terceirizei meu mandato".
Wanderval é o sexto deputado acusado de envolvimento no escândalo no mensalão que é absolvido pelo plenário da Câmara. Pela quinta vez, o conjunto dos deputados contraria a recomendação do Conselho de Ética. Foram cassados em função do escândalo, até o momento, Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor das denúncias, José Dirceu (PT-SP), e Pedro Corrêa (PP-PE).
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