Em mensagem lida nesta terça-feira na televisão estatal por seu ministro da Informação, Mohammed Said al-Sahaf, o presidente do Iraque, Saddam Hussein, conclamou a população muçulmana do país a se juntar em uma guerra santa contra os Estados Unidos e seus aliados.
O anúncio de que Saddam faria um pronunciamento ao vivo à nação desencadeou rumores de que o presidente queria mostrar que está vivo. E o uso de al-Sahaf como porta-voz apenas serviu para aumentar as dúvidas sobre seu paradeiro.
Al-Sahaf iniciou a leitura da mensagem de Saddam definindo a guerra no Iraque com expressões religiosas e pan-árabes.
A escolha das palavras ganhou significado especial em meio aos relatos de que expatriados árabes e iraquianos estão voltando ao país do Golfo Pérsico com o objetivo de ajudar Saddam a repelir as forças invasoras.
"Vida longa à Palestina", disse o ministro. "Vida longa ao Iraque".
Na carta, Saddam referiu-se à guerra como "uma agressão à religião e à nação islâmica" e prometeu que os muçulmanos que morrerem em combate alcançarão a imortalidade.
"Vamos fazer a Jihad", exclamou al-Sahaf. "Quem morrer será recompensado com o paraíso".
Saddam também convocou os iraquianos de Bagdá a "enfrentar (os soldados da coalizão) como foram enfrentados por nossos irmãos em Basra, em Umm Qasr e em Nasiriya" – uma referência à inesperada resistência encontrada por norte-americanos e britânicos no sul do país.
"Atinjam-os", continuou a mensagem. "Combatam-os. Eles são amaldiçoados, eles são maus. Seremos vitoriosos e eles, derrotados".
"Combatamos por todos os lugares. Não lhes dêem uma única chance de respirar enquanto eles não se retirarem e se retratarem", concluiu.
Dúvidas persistem
O pronunciamento de Saddam foi recebido com ceticismo nos Estados Unidos. A guerra começou no último dia 19 com bombardeios da coalizão contra um palácio presidencial no centro de Bagdá, no qual estariam diversos líderes iraquianos, possivelmente até mesmo o presidente.
Autoridades dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha dizem não saber se Saddam morreu ou ficou ferido no ataque.
Desde então, as únicas aparições de Saddam Hussein na TV iraquiana foram em videoteipes, os quais não se sabe se foram gravados antes ou após a primeira onda de bombardeios.
"Nenhuma das fontes nos mostram que ele ainda esteja vivo", declarou o general Peter Pace, vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas norte-americanas em entrevista à emissora de televisão PBS.
"Também não quer dizer que ele tenha morrido", ressaltou. "Mas, publicamente, ele não é visível e nem há notícias de que tenha visto ou sido visto por alguém".
Já o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, alegou que Saddam preparou "um monte" de videoteipes antes da guerra e que não é possível saber com exatidão se o presidente e seus filhos, Uday e Qusay, sobreviveram aos consecutivos bombardeios.
"Não vimos nenhuma prova nos últimos dias", disse o secretário à Fox News.
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