O advogado Ricardo Tosto, ex-conselheiro da Força Sindical no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vai prestar depoimento na tarde de amanhã (21) na sede da 2ª Vara Criminal Federal. Tosto é acusado de utilizar sua influência política para conseguir a liberação de empréstimos do BNDES, para a prefeitura de Praia Grande (no litoral paulista) e para a ampliação de lojas da rede varejista Marisa. Outros envolvidos no caso também serão ouvidos pela Justiça Federal, mas os nomes e as datas dos depoimentos ainda não foram confirmados.
A Operação Santa Tereza da Polícia Federal teve início com uma investigação sobre a casa de prostituição We, localizada no bairro da Bela Vista, em São Paulo. Nas interceptações telefônicas, autorizadas judicialmente, surgiu a informação de que a organização criminosa também atuava em um esquema de fraudes de financiamentos no BNDES, utilizando-se de pessoas com influência política no banco.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo, as pessoas que se aproveitavam da influência política eram o advogado Ricardo Tosto e João Pedro de Moura, um assessor da Força Sindical, que também já foi conselheiro do BNDES, indicado pela central sindical. Moura está preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória 2, em Guarulhos, desde o dia 24 de abril, e deve ser interrogado pela Justiça Federal na próxima segunda-feira (26).
O advogado Frederico Crissiuma de Figueiredo, que defende Moura, disse, em entrevista na semana passada, que seu cliente vai provar sua inocência em juízo. "É um direito da polícia investigar quem ela quiser e agora teremos a esfera correta, o Judiciário, para discutir se ele é culpado ou não", disse o advogado.
Na ocasião, Figueiredo disse que seu cliente conhece algumas das pessoas que foram presas na operação. "Ele tem uma relação pessoal com o próprio Marcos Mantovani e com os outros, mas isso não implica na prática de crime nenhum", disse. Mantovani, segundo o MPF, era dono de uma consultora chamada Progus, responsável pela emissão de notas fiscais frias no esquema. Mantovani também está preso preventivamente.
Figueiredo não deu informações sobre o comprovante bancário encontrado pela Polícia Federal na casa de seu cliente e também não explicou o fato da PF ter flagrado Moura freqüentando gabinetes de deputados na Câmara dos Deputados. "A explicação que ele vai dar vai ser realmente em juízo. Mas ele tem explicações para todas as acusações que estão sendo feitas contra ele", disse o advogado.
Com base na investigação feita pela Polícia Federal, o MPF disse haver suspeitas de participação do prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, e do deputado federal Paulo Pereira da Silva - o Paulinho da Força Sindical -, que gozam de foro privilegiado. Por causa dessas suspeitas, o MPF remeteu cópias dos processos ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região (sediado em São Paulo), foro do prefeito, e ao Supremo Tribunal Federal (STF), foro para julgamento de deputados federais, já que uma investigação dos dois suspeitos só poderia ser feita com autorização dessas duas instâncias judiciais.
O advogado de Paulinho, Antonio Rosella, já disse que seu cliente não tem "nenhuma participação em atos praticados por outras pessoas" e que, no relatório policial, "não tem nenhum fato ou ato que possa relacionar" o deputado ao caso. "Ele não tem que provar a inocência dele. Ele não tem qualquer participação em relação a isso", afirmou.
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