No primeiro dia oficial de campanha em São Bernardo, no ABC paulista, domicílio eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as militâncias dos principais opositores, o deputado Orlando Morando, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), e o ex-ministro da Previdência Social Luiz Marinho, do Partido dos Trabalhadores (PT), se encontraram em eventos no mesmo local logo pela manhã.
A Praça dos Trabalhadores, no Jardim Silvina, foi o palco do encontro, onde partidários dos dois candidatos permaneceram em lados opostos da praça, separada apenas por uma quadra de esportes.
O candidato a vice-prefeito na chapa de Morando, Edinho Montemor (PSB), ex-deputado federal, atravessou a praça e cumprimentou o adversário Luiz Marinho. "A campanha tem de manter esse tom. O eleitor espera isso do político de hoje e nós construímos a democracia desta forma. Fiquei bastante feliz pelo jeito como eles me receberam e sei que muita gente ali vai votar em mim", disse Montemor.
O coordenador da campanha da chapa PSDB-PSB, Névio Carlone, vereador licenciado, disse que ficou sabendo que a militância petista estava no local logo bem cedo e que resolveu manter o evento mesmo assim. "Democraticamente, usamos o outro lado da praça. Não vamos para o ataque. Faremos uma campanha pacífica", afirmou.
O início da campanha na cidade também foi marcado pela falta do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) dos candidatos, que só puderam falar aos eleitores sem utilizar materiais de propaganda.
Com a nova legislação eleitoral, válida pela primeira vez em eleições municipais, os pleiteantes a cargos públicos de prefeito, vice e vereadores só podem efetuar gastos registrados, o que é possível após a emissão do CNPJ. O cadastro é automaticamente solicitado assim que os partidos registram as candidaturas, o que pôde ser feito até ontem.
Carlone calcula perder cerca de 15 dias de campanha com materiais. "Acho que será uma eleição mais econômica. Atrapalha para todo mundo, mais para os candidatos menos conhecidos. Mas a campanha de boca em boca nós podemos fazer", disse.
Foi por conta da falta do CNPJ que o petista Luiz Marinho criticou a atual legislação eleitoral. "Se a campanha está autorizada a partir de hoje, qual seria o problema de utilizar panfletos, carro de som? Isso se resolve na prestação de contas, mas há uma rigidez nesse sentido; é uma legislação muito autoritária. Mas vamos passar por cima disso tudo buscando cumprir à risca essas questões", afirmou.
O ex-ministro também comentou a lei, de autoria do prefeito William Dib (PSB), aprovada pela Câmara da cidade no mês passado, que proibiu todo tipo de propaganda nos muros do município.
"Aqui em São Bernardo, a legislação também é autoritária. Certamente, vamos derrubar essa lei. Claro que é preciso preservar a cidade, mas a pintura dos muros faz parte de um processo natural de campanha", afirmou Marinho.
Questionado sobre o fato de a lei ter sido feita com a intenção de coibir seu nome, que é candidato pela primeira vez em São Bernardo, Marinho respondeu: "se não for, parece. E prejudica também os candidatos a vereadores, que são os mais afetados".
O ex-ministro começou o primeiro dia oficial de campanha no apartamento onde reside há mais de 18 anos, no Jardim Irajá. Ele recebeu amigos, membros do partido e imprensa em um café da manhã no salão de festas do prédio.
A pedido do deputado federal Vicente Paulo da Silva (PT), o Vicentinho, ao final do café da manhã todos os presentes se uniram em uma roda e, de mãos dadas, rezaram pelo início de uma boa campanha. O vice Frank Aguiar, deputado federal pelo PTB, se uniu a Marinho por volta das 14h em uma caminhada pelo bairro Riacho Grande.
Os demais candidatos à prefeitura da cidade, Alex Manente, do Partido Popular Socialista (PPS), Aldo Santos, do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), e Evandro de Lima, do Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB), também fizeram atividades sem materiais de campanha por conta da falta do CNPJ.