A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou que a crise financeira é uma oportunidade para que o País saia fortalecido. "É uma oportunidade única para o Brasil passar a ter juros civilizados sem aventuras e sem ameaçar a estabilidade", disse, nesta quarta-feira, durante o seminário "ABC do Diálogo e do Desenvolvimento", realizado em São Bernardo, no ABC Paulista.
Em um discurso de 40 minutos, a ministra também criticou o spread bancário e voltou a minimizar os efeitos da crise no País. "A situação hoje do Brasil, estruturalmente, é mais sólida do que outros países. E estamos tomando todas as medidas para nos recuperarmos mais facilmente no segundo trimestre."
Dilma voltou a afirmar que o governo não vai fazer gabinete para acompanhar a crise, proposta feita pela oposição. "O governo inteiro está empenhado no combate à crise. É uma obrigação de todos os ministérios e é por isso que o governo não fará nenhum gabinete de crise. Não temos dois mundo no Brasil, o que fazemos no governo federal é cumprir políticas que têm função clara de desenvolvimento com inclusão social."
Nesta linha de inclusão social, a ministra detalhou o Programa Nacional de Habitação que o governo está elaborando para a construção de 1 milhão de moradias. De acordo com Dilma, a intenção é resolver o déficit habitacional do País, além de gerar empregos.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Henrique Barbosa Filho, também presente ao seminário, disse que o Brasil pode ter uma taxa básica de juros abaixo de 10% ainda neste semestre. "O governo tem a capacidade de atenuar os impactos da crise e vem fazendo isso. A expectativa é que tenhamos um crescimento positivo em 2009 e devemos ter uma significativa queda na taxa de juros, podendo chegar a um dígito, ou seja, menos de 10%, ainda neste semestre, sem comprometer a estabilidade e a inflação", afirmou.
O governador José Serra (PSDB) aproveitou o evento para traçar um panorama dos investimentos do governo do Estado na Região do ABCD e para dar "pitacos nas questões nacionais". Serra defendeu a redução da taxa de juros e criticou a política monetária do governo federal.