"> Trump e Lula se reúnem na Ásia e buscam distensionar impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos

 

Internacional - 26/10/2025 - 07:58:36

 

Trump e Lula se reúnem na Ásia e buscam distensionar impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos

 

Da Redação .

Foto(s): Reprodução bloomberglinea

 

Encontro em Kuala Lumpur marca primeiro passo de reaproximação após o tarifaço de 50% imposto por Washington; líderes discutiram também a crise na Venezuela e o papel do Mercosul no equilíbrio regional.

Encontro em Kuala Lumpur marca primeiro passo de reaproximação após o tarifaço de 50% imposto por Washington; líderes discutiram também a crise na Venezuela e o papel do Mercosul no equilíbrio regional.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reuniram-se neste domingo, 26 de outubro, em Kuala Lumpur, durante a 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático. A conversa, que durou cerca de 50 minutos, foi o primeiro encontro formal entre os dois desde o início da crise diplomática provocada pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras.

A delegação brasileira incluiu o chanceler Mauro Vieira e o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa. Do lado americano, estiveram presentes o secretário de Estado Marco Rubio, o secretário do Tesouro Scott Bessent e o representante comercial Jamieson Greer. O encontro foi mediado por assessores de ambos os governos e articulado desde setembro, após breve cumprimento entre os líderes durante a Assembleia Geral da ONU.

O foco principal da reunião foi o tarifaço imposto por Washington. Trump havia anunciado em julho a taxação de 50% sobre produtos brasileiros, alegando desequilíbrio nas relações comerciais e críticas às decisões do Supremo Tribunal Federal envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. O episódio reacendeu tensões protecionistas, lembrando o anterior conflito tarifário da década de 1980, quando o governo Reagan impôs sanções semelhantes sobre produtos brasileiros.

Analistas destacam que as tarifas atingiram fortemente os setores agrícola e metalúrgico, reduzindo as exportações e pressionando o câmbio interno. O governo brasileiro reagiu com promessa de reciprocidade, embora depois tenha optado por buscar solução negociada. O encontro na Malásia surgiu, portanto, como tentativa de destravar as negociações e evitar nova escalada comercial.

Na conversa com jornalistas antes do encontro, Trump declarou esperar “bons acordos” e demonstrou disposição para revisar as tarifas, desde que o Brasil reduza barreiras sobre importações americanas. Lula ressaltou que “não há razões para desavença” e propôs retomada de uma comissão bilateral de comércio. O tom da reunião, segundo o Itamaraty, foi classificado como pragmático e voltado à reconstrução de confiança entre os dois países.

A situação da Venezuela também esteve na pauta. O governo americano vem intensificando sanções contra o regime de Nicolás Maduro em resposta às denúncias de irregularidades nas eleições de 2024, consideradas fraudulentas por parte da comunidade internacional. A economia venezuelana voltou em 2025 a registrar retração do PIB de cerca de 2% e inflação projetada em 221%, reacendendo a instabilidade no Caribe.

A Casa Branca, contudo, mantém o discurso de que Maduro “não tem legitimidade” e reforça que sanções continuarão até que “um governo eleito de forma democrática assuma o poder” em Caracas

O Brasil e outros membros do Mercosul, como Argentina e Uruguai, defendem uma estratégia de mediação e abertura gradual, enquanto os Estados Unidos priorizam sanções como instrumento de pressão. Essa diferença de abordagem cria uma divisão dentro do bloco sul-americano sobre como reagir à crise venezuelana.

Setores favoráveis à posição americana afirmam que as sanções podem acelerar uma transição política em Caracas e conter o autoritarismo. Já críticos apontam que as medidas ampliam o colapso econômico e aumentam o fluxo migratório para países vizinhos, gerando sobrecarga social. O governo brasileiro, por sua vez, mantém postura de diálogo, alegando que o isolamento apenas reforça a dependência do regime venezuelano de parceiros como Rússia e Irã.

Entre os países do Mercosul, cresce a percepção de que o bloco precisa definir uma política comercial mais coesa diante das pressões externas. Enquanto Argentina busca equilibrar laços entre China e EUA, o Brasil tenta reposicionar-se como mediador regional. Para diplomatas brasileiros, a crise atual representa uma oportunidade para reposicionar a América do Sul como interlocutora entre grandes potências, com foco em estabilidade e comércio equilibrado.

O encontro de hoje em Kuala Lumpur pode inaugurar uma nova fase na relação entre Brasil e Estados Unidos. Ao retomar o diálogo direto, Lula e Trump indicam disposição política para atenuar atritos comerciais e buscar uma agenda comum em temas regionais, ainda que as divergências sobre tarifas e sobre o tratamento à Venezuela permaneçam latentes.

(*) Com informações das fontes: BBC Brasil, Agência Brasil, G1, CNN Brasil, Metropole, Poder360, Forbes Brasil, Sul21 e Bloomberg.

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