João Paulo Cunha pega 9 anos e 4 meses

 

Politica - 28/11/2012 - 23:06:41

 

João Paulo Cunha pega 9 anos e 4 meses

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Houve impasse entre os ministros antes da definição da pena do réu João Paulo Cunha

Houve impasse entre os ministros antes da definição da pena do réu João Paulo Cunha

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) definiram nesta quarta-feira em nove anos e quatro meses de prisão e 150 dias-multa em regime fechado a pena do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP). Presidente da Câmara dos Deputados de 2003 a 2005, Cunha foi condenado no julgamento do mensalão pelos crimes de peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O julgamento foi marcado por um impasse sobre a possibilidade de cinco ministros votarem a dosimetria para esse último crime.

Cunha foi condenado por receber R$ 50 mil, sacados pela mulher dele, para privilegiar a empresa SMP&B Comunicação, de Marcos Valério, em contratos na Câmara dos Deputados, causando prejuízo aos cofres públicos. A empresa de Valério, apontado como operador do mensalão, executou apenas 0,01% dos serviços, segundo o Ministério Público.

"É fato que João Paulo Cunha reuniu-se com Marcos Valério na residência oficial da Câmara dos Deputados exatamente na véspera do pagamento da propina recebida pelas mãos da sua esposa", disse Barbosa.

Por ocupar o cargo de presidente da Câmara na época dos fatos, Barbosa votou para aumentar a pena de Cunha para corrupção passiva. "Era uma das quatro mais importantes autoridades da República. Era o segundo sucessório na linha da Presidência da República. A pena imposta por Barbosa, no entanto, não foi vencedora. Prevaleceu o cálculo sugerido por Cezar Peluso, que votou na primeira parte do julgamento: três anos de reclusão e 50 dias-multa.

João Paulo Cunha concorria à prefeitura de Osasco na eleições deste ano, mas renunciou à candidatura após ser condenado no julgamento do mensalão. Em seu lugar, assumiu Jorge Lapas, que ficou em segundo lugar na disputa, mas venceu a eleição depois do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) barrar a candidatura do tucano Celso Giglio.

Impasse
Durante o julgamento do crime de lavagem de dinheiro, o advogado Alberto Toron apresentou questão de ordem para contestar o quórum de ministros para impor a pena de seu cliente. Como são necessários seis ministros para deliberar no colegiado, o defensor afirmou que cinco pessoas não poderiam fixar a pena. Antes da questão de ordem, a ministra Cármen Lúcia havia observado o número reduzido de ministros.

O ministro Marco Aurélio defendeu que, como o ministro Carlos Ayres Britto não deixou dosimetria pronta de João Paulo Cunha, haveria um empate. "Dos 11 ministros que participaram do julgamento, seis condenaram e cinco absolveram, mas um deles não completou, não impôs pena. Então fica um resultado de cinco a cinco. Um empate", disse.

A discussão levou à primeira exaltação de ânimos entre Barbosa e o ministro Ricardo Lewandowski, desde que o relator assumiu a presidência da Corte. O revisor queria que a questão de ordem fosse votada pelos ministros presentes, mas Barbosa, na condição de presidente do STF, pretendia decidir monocraticamente. Celso de Mello lembrou que o regimento permite a decisão monocrática.

"Quem comanda os trabalhos nesta casa? É o regimento ministro!", disse Barbosa. "Nós estamos inovando mais uma vez neste julgamento", rebateu Lewandowski. "Vossa Excelência está se insurgindo quanto à figura do presidente", afirmou Barbosa mais adiante, diante da insistência de Lewandowski.

Para evitar o que chamou de "nulidade" da condenação por lavagem de dinheiro, Barbosa decidiu primeiramente a questão sozinho, mas com a insistência dos pares, colocou em votação. O relator disse ter insistido para que Ayres Britto deixasse pronta a dosimetria dos réus faltantes, mas que o colega "esqueceu".

Rosa Weber, primeira a votar, disse que foi definida a condenação, mas que não havia sido dosada a pena. Portanto, a condenação não poderia ser descartada. Os demais ministros, com exceção de Marco Aurélio, também rejeitaram a questão de ordem. "Creio que Vossa Excelência agora está mais tranquilo", disse o ministro ao defender a absolvição de João Paulo Cunha pelo crime de lavagem de dinheiro.

"Marco Aurélio, eu adoro a objetividade, detesto repetição e a perda de tempo. Declaro o resultado", disse Barbosa, sem ouvir o ministro mais antigo da Corte, Celso de Mello. "Eu ainda não votei", advertiu o ministro. E Marco Aurélio soltou: "A objetividade não pode excluir o voto do nosso decano".

Antes do encerramento da sessão de hoje, os ministros decidiram cancelar a sessão extraordinária de segunda-feira e retomarão o julgamento do mensalão somente na quarta-feira, já que amanhã ocorre a posse do novo ministro, Teori Zavascki. Na semana que vem, o STF vai discutir se os parlamentares condenados, caso de João Paulo Cunha, irão perder o mandato.

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