Maioria do STF rejeita proposta para diminuir penas do mensalão

 

Politica - 05/12/2012 - 19:33:40

 

Maioria do STF rejeita proposta para diminuir penas do mensalão

 

Da Redação com agências

Foto(s): Gervásio Baptista/STF/Divulgação

 

Em um voto extenso, ministro Marco Aurélio foi a favor da continuidade delitiva

Em um voto extenso, ministro Marco Aurélio foi a favor da continuidade delitiva

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou a proposta apresentada pelo ministro Marco Aurélio Mello de adotar o critério da continuidade delitiva em vez do concurso material para a fixação das penas dos condenados no processo do mensalão. A tese de Marco Aurélio reduziria as penas de 16 réus em pelo menos um terço.

O único a seguir o entendimento de Marco Aurélio foi o revisor do mensalão, ministro Ricardo Lewandowski. Para ele, houve "claramente uma desproporção" na definição das penas. "É preciso considerar os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade que estão na Constituição", alegou Lewandowski.

Rosa Weber foi a primeira a mostrar discordância em relação à proposta de Marco Aurélio. Para a ministra, o Supremo estaria sendo incoerente e contraditório caso acatasse a continuidade delitiva uma vez que parte dos ministros entendeu que não havia uma unidade na execução dos crimes, mas sim uma coautoria entre os réus para o cometimento de crimes diversos.

Para Luiz Fux, as penas foram fixadas "à luz da razoabilidade", motivo pelo qual rejeitou a proposta. Cármen Lúcia ressaltou que respeita e valoriza as colocações do ministro Marco Aurélio, mas também acompanhou o relator. Durante seu voto, a ministra lembrou a "coerência" de Marco Aurélio, que em 2001 proferiu um voto similar sobre o tema da continuidade delitiva.

"Para que ocorra a continuidade é necessário que os delitos tenham sido praticados pelos agentes tendo em conta a mesma data, hora e local dos crimes. E não foi isso o que aconteceu", explicou a ministra.

O ministro Gilmar Mendes esclareceu que não há como aceitar a posição de Marco Aurélio e defendida por Lewandowski de aceitar sob um mesmo guarda-chuva crimes de natureza tão diferentes como peculato, corrupção e lavagem de dinheiro. "Estamos a falar de uma prática que teve uma conexão temporal de dois, três anos e que nós mesmos estabelecemos de forma diversa na jurisprudência do tribunal", afirmou.

Com a definição sobre qual foi a característica dos crimes cometidos, as penas impostas até o momento aos 25 condenados do mensalão permanecem inalteradas. Somadas, as punições fixadas pelo Supremo chegam a 280 anos de prisão.

Proposta rejeitada
A proposta do ministro Marco Aurélio foi formulada a partir de pedidos da defesa para que penas para crimes da mesma espécie fossem unificadas. O ministro entendeu que crimes contra a administração pública e contra o sistema financeiro poderiam coexistir sob a mesma punição. A exceção seriam as condenações por formação de quadrilha que, segundo o ministro, seriam crimes contra a paz pública.

As penas propostas até agora, que totalizam 280 anos, foram fixadas levando em conta o concurso material, quando o mesmo crime é cometido diversas vezes em ações distintas. Seguindo esse critério, uma pena foi fixada para cada um dos crimes.

No caso da continuidade delitiva, base da proposta de Marco Aurélio, considera-se que o primeiro crime levou ao segundo, e assim por diante. Ou seja, o mesmo crime foi praticado de formas diferentes e continuamente. Assim, aplica-se a pena mais grave, que pode ser ampliada de um sexto a dois terços.

Isso quer dizer que condenados a vários crimes, como Marcos Valério, que foi punido por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, ficaria apenas com a pena mais alta desses delitos, no caso a de lavagem de dinheiro. A ela seria acrescida a pena por formação de quadrilha, que não entra na contagem por não ser contra a administração pública.

O próprio ministro tinha consciência de que não teria guarida entre os colegas de plenário. Durante o intervalo da sessão desta quarta-feira, Marco Aurélio foi irônico. "Estou muito acostumado a ficar isolado no plenário. Não sei se fico ou se terei alguma solidariedade na minha forma de pensar. Quem sabe se reafirma a máxima dos antigos, a virtude do meio-termo", disse.

O revisor, ministro Ricardo Lewandowski, foi o único que acompanhou a proposta de Marco Aurélio

O revisor, ministro Ricardo Lewandowski, foi o único que acompanhou a proposta de Marco Aurélio

Ministros do STF retomam julgamento do mensalão depois de uma semana de intervalo

Ministros do STF retomam julgamento do mensalão depois de uma semana de intervalo

Links

...Continue Lendo...

...Continue Lendo...

Vídeo