Os novos talentos precisam de oportunidades para mostrar seu potencial. A Lei do Aprendiz (Lei 10.097/00) chegou para ser um instrumento facilitador para as empresas contratarem jovens trabalhadores por meio de regras específicas. Porém, mais de dez anos depois, os resultados estão aquém do esperado e apontam que precisamos amadurecer muito as nossas relações trabalhistas para garantir mão de obra melhor qualificada para o futuro. A meta do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para contratação em 2012 era de 800 mil jovens, mas os dados mais recentes, de setembro de 2011, dão conta de que apenas 262.972 jovens foram contratados em todo o Brasil.
A Lei estabelece que as empresas contratem entre 5% e 15% de aprendizes, com idade entre 14 e 24 anos. Entre as regras que regem essas contratações, algumas têm por objetivo garantir que esse jovem continue seus estudos. Ele, por exemplo, precisa estar matriculado ou concluído o ensino fundamental ou médio e frequentar cursos de formação. São quatro dias de trabalho – com carga horária de seis horas – e um dia específico para formação para exercer competências na empresa. São regras que possibilitam a atividade laboral sem perder a oportunidade de continuar seus estudos.
Hoje muitas empresas enfrentam dificuldades na contratação de mão de obra. Portanto, é incompreensível o atual nível de desemprego entre os jovens. Enquanto a taxa brasileira de desempregado no país está em cerca de 5%, entre os jovens chega a 20% em algumas regiões metropolitanas.
Para as empresas, é a oportunidade de formar a sua mão de obra, oferecendo ao jovem a possibilidade de fazer a ponte entre a teoria e a prática, desenvolvendo conhecimento, habilidades e atitudes no dia a dia. Nossa experiência no Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP), que mantém o programa Aprendiz Cooperativo, mostra o quanto esses jovens amadurecem e se tornam preparados para enfrentar novos desafios com a experiência nas cooperativas paulistas.
A contratação desses jovens pode ser fundamental para o futuro do país. É a oportunidade de fazermos com que esses talentos se desenvolvam e aumentem o tempo de escolaridade, diminuindo a evasão escolar e se preparando para um futuro melhor.
* Flávia Afonso da Silva e coordenadora de Aprendizagem Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP)