Arcando com pesadas despesas de matérias-primas, insumos e serviços, gastando 4 euros a mais por hora em custos de mão de obra e levando quase 2,1 mil horas a mais para administrar a burocracia tributária, o Brasil finaliza um automóvel com custo de produção 63% maior do que na China. O veículo, após deixar a fábrica, implica 30,4% em tributos diretos ao consumidor sobre o preço de venda, como Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Contribuições Sociais (PIS/Cofins).
O percentual em relação ao gigante asiático, atualizado pelo Índice de Preços ao Produtor (IPP) da indústria de transformação de 2012, integra um estudo sobre a competitividade do setor automotivo brasileiro realizado pela consultora PricewaterhouseCoopers (PwC) desde o final de 2010 e divulgado em junho do ano passado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O levantamento foi apresentado na época aos Ministérios da Fazenda, da Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Segundo a entidade, os custos logísticos e de infraestrutura também encarecem a fabricação de veículos no País, que ainda sofre com o peso do câmbio devido ao fortalecimento do real em relação ao dólar.
Apesar das medidas adotadas pelo governo brasileiro para desonerar custos de produção e operação das fabricantes e do setor produtivo em geral, especialmente em matéria de folha de pagamentos, estejam indo na direção certa, o economista Rodrigo Branco, da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), destaca que elas não têm efeito fundamental sobre a estrutura de custos em relação ao faturamento do setor - variável e cuja melhora tem levado o México a ganhar espaço no setor automotivo mundial e rivalizar com a produção chinesa. Na pesquisa da PwC, os custos da produção mexicana são 37% inferiores aos do Brasil.
O pouco impacto sobre a estrutura é explicado pelo aumento dos salários dos trabalhadores, processo irreversível dada a rigidez da massa salarial, a redução da taxa de desemprego e a migração de trabalhadores do setor industrial para o de serviços. "A trajetória de alta dos salários nos últimos anos para indústria de transformação é notória, o que pressiona a produtividade necessária à competitividade da indústria nacional com a internacional", diz Branco. Para o economista, o foco em garantir maior produtividade para o setor proporcionaria ganhos a longo prazo à indústria, assim como novas desonerações, esforços para reduzir os custos de transporte e energia e ajustes na tributação - além daqueles envolvidos durante a fabricação na cadeia automotiva, os impostos cobrados do consumidor final correspondem de 27,1% a 36,4% do preço, variando de acordo com o tipo do automóvel.
Com informações de Cartola - Agência de Conteúdo
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