A eleição de Rodrigo Paz como o novo presidente da Bolívia representa um movimento decisivo no pêndulo político sul-americano. A vitória do candidato de direita, focado em reformas de mercado e um discurso de combate à corrupção, não é apenas um evento doméstico, mas um forte indicador da fadiga com as políticas estatistas na região, gerando reações imediatas e contrastantes nas capitais do hemisfério, especialmente em Washington e Brasília.
Paz, cuja campanha se centrou em plataformas de liberalização econômica, atração de investimento estrangeiro e um posicionamento firme contra o socialismo, conquistou a presidência com uma margem que, embora apertada, foi suficiente para evitar o segundo turno. O resultado foi recebido com otimismo por setores empresariais e por seus apoiadores, que veem na eleição a oportunidade de estabilizar o país e promover o crescimento.
"Esta vitória é a voz da liberdade, que disse 'não' ao populismo e 'sim' ao desenvolvimento sustentável e ao respeito à propriedade privada", afirmou Ana Vaca, líder de uma associação de empresários que apoiou Paz, em uma declaração de entusiasmo.
A promessa de Paz de desburocratizar a economia e oferecer garantias a investidores internacionais, especialmente na exploração do lítio, adiciona uma camada de urgência e interesse geopolítico à sua gestão iminente.
Contudo, a eleição despertou profunda apreensão entre os movimentos sociais de esquerda e críticos internos. Adversários argumentam que a vitória de Paz pode resultar no aumento das desigualdades sociais e na perda de soberania sobre os recursos naturais do país.
"Estamos preocupados com o desmonte das políticas sociais conquistadas. A Bolívia precisa de justiça social, não de um retorno a políticas neoliberais que já falharam no passado", declarou Félix Choque, ex-ministro e principal opositor de Paz, sublinhando o ceticismo em relação ao futuro da proteção dos setores mais vulneráveis.
As Reações em Washington
Nos Estados Unidos, a resposta do governo foi calorosa, vendo na eleição de Paz um alinhamento ideológico e uma oportunidade de reforçar laços estratégicos na região andina. O Departamento de Estado, em nota oficial, felicitou o povo boliviano "pela demonstração de seu compromisso com a democracia e o livre mercado" e expressou o desejo de "estreitar a cooperação em segurança, comércio e combate ao narcotráfico com o novo governo".
No Capitólio, a polarização foi mais evidente, mas em sentido inverso ao da análise anterior. O Senador Marco Rubio (Republicano-Flórida), uma voz influente na política externa dos EUA, expressou publicamente seu apoio.
"A eleição de Paz é um sinal positivo para a democracia regional. É um passo crucial contra o avanço das ditaduras no continente", disse Rubio, refletindo a satisfação do Partido Republicano com a vitória de um aliado conservador. Por outro lado, a Deputada Ilhan Omar (Democrata-Minnesota), progressista, adotou uma postura mais cautelosa. "Esperamos que o novo governo respeite os direitos dos povos indígenas e evite a privatização irresponsável dos recursos naturais. A soberania e o bem-estar social devem ser prioridade", comentou a Deputada, defendendo uma abordagem atenta aos impactos sociais das reformas.
A Posição de Brasília e o Eixo Regional
No Brasil, a eleição de Paz foi recebida com satisfação pelo governo, que enxerga na Bolívia um novo parceiro ideológico. O Palácio do Planalto, em uma nota efusiva, parabenizou Paz e reiterou o compromisso do Brasil com as relações bilaterais e a coordenação regional, focando na facilitação do comércio e na integração de infraestrutura. O Governo Brasileiro, alinhado ideologicamente com Paz, prioriza a estabilidade e o fortalecimento do eixo conservador.
As reações no Congresso Nacional refletiram um racha ideológico similar ao de Washington. O Senador Renan Calheiros (MDB-AL), articulador político com histórico de apoio a diferentes governos, defendeu a necessidade de pragmatismo econômico.
"A Bolívia é um mercado estratégico. O Brasil deve trabalhar para facilitar investimentos brasileiros na mineração e na energia, aproveitando a abertura proposta", afirmou Calheiros. Em contraste, o Deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), representante de uma ala conservadora, expressou seu entusiasmo.
"O povo boliviano rejeitou o comunismo. A eleição de Paz é um sopro de esperança para toda a América Latina que luta pela liberdade", celebrou o parlamentar, ecoando o tom de apoio de seus pares norte-americanos.
A eleição de Rodrigo Paz na Bolívia não é apenas uma notícia local. Ela enfraquece o bloco de nações de esquerda na América Latina, reconfigurando o tabuleiro geopolítico regional em favor de uma agenda de mercado. A gestão de Paz será um teste para as promessas de prosperidade via liberalização, medindo a capacidade de seu governo de equilibrar a atração de capital estrangeiro com a demanda por estabilidade social. O mundo aguarda os primeiros passos do novo líder para entender a extensão real do "Efeito Paz" na economia global e na diplomacia regional.
(*) Com informações das fontes: Declarações de líderes políticos e sociais bolivianos, comunicados de imprensa do Departamento de Estado dos EUA e do Palácio do Planalto, e entrevistas com senadores e deputados dos EUA e do Brasil.