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A segurança europeia enfrenta um momento crítico diante de um novo cenário de tensões que pode deflagrar um conflito mundial de grandes proporções. Países escandinavos tradicionalmente neutros, como Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia, estão intensificando e ampliando seus investimentos militares, ao mesmo tempo em que consolidam vínculos estratégicos com a OTAN e os Estados Unidos. Esse movimento tem como pano de fundo a postura agressiva da Rússia, que vem ampliando sua atuação militar no entorno europeu, especialmente no conflito da Ucrânia e em incursões contra territórios neutros.
A Noruega, em um esforço sem precedentes desde o fim da Guerra Fria, anunciou investimento de quase 52 bilhões de euros até 2036 em modernização militar, incluindo aquisição de fragatas, submarinos e sistemas avançados de defesa aérea. A estratégia norueguesa inclui também o recrutamento ampliado e a preparação da população civil para enfrentar cenários de conflito. Na Dinamarca, os ajustes no serviço militar incorporam mais contingentes, incluindo mulheres, e estendem o período obrigatório, reforçando a capacidade de defesa do país. A Suécia quadruplica sua produção de armamentos, moderniza tanques e prepara suas unidades para rápida integração a operações conjuntas da OTAN na região báltica. Similarmente, a Finlândia aumenta suas despesas militares e amplia efetivos diante da sensação crescente de ameaça externa.
A Rússia mantém uma postura agressiva e multifacetada. Além da ocupação prolongada da Ucrânia, desenvolve e intensifica operações híbridas em regiões vizinhas, como incursões aéreas na Polônia e ataques cibernéticos. O Kremlin rejeita publicamente planos de atacar diretamente países da OTAN, mas justificam suas movimentações como resposta necessária à expansão da aliança para o leste europeu, que classificam como provocação. A cooperação militar com Belarus e a ampliação do orçamento de defesa reforçam a estratégia russa de consolidação regional e contestação da ordem atual.
Em pronunciamentos recentes, oficiais militares europeus de destaque, como os generais Fabien Mandon e Michael Claesson, alertam para a possibilidade de a Rússia testar o artigo 5 da OTAN, que determina defesa coletiva dos membros. Esse alerta traz à tona riscos nucleares que, embora indesejados, não podem ser descartados diante da escalada das tensões. Operações de guerra híbrida, tecnologia avançada e constante provocação militar configuram um quadro de alta volatilidade, alimentando receios de que o atual impasse possa resultar em confronto direto entre grandes potências.
Os Estados Unidos reforçam seu papel na aliança, mantendo apoio robusto à Ucrânia e colaborando para o fortalecimento das defesas europeias. Contudo, são alvo de críticas internas e externas quanto à priorização de seus interesses globais e a eventual divisão de atenção frente a múltiplas crises internacionais. Essa situação aumenta as preocupações dos países europeus que se veem, às vezes, mais vulneráveis e dependentes do compromisso externo para sua segurança.
Este conjunto de movimentos, como rearmamento significativo da Escandinávia, agressividade russa em múltiplas frentes e compromissos das potências ocidentais, retrata um dos momentos mais tensos da história recente da segurança europeia. A imposição de um novo paradigma militar, que inclui o abandono da neutralidade e a intensificação da solidariedade entre nações pelo princípio do “todos por um”, sinaliza que o mundo se aproxima de um limiar perigoso, no qual a diplomacia terá de superar desafios enormes para evitar o desencadear de um conflito com consequências globais.
Atual posição e situação do Brasil e sua importância na América do Sul para os EUA
Os Estados Unidos mantêm uma postura firme no apoio à OTAN e à Ucrânia, reforçando sua influência militar e diplomática na Europa e impondo sanções econômicas contra a Rússia. Washington busca conter a expansão da influência russa, enfatizando a importância da estabilidade e da defesa coletiva no Ocidente.
Na América do Sul, a situação apresenta complexidades políticas e ideológicas que refletem em diferentes alinhamentos regionais. Países como Venezuela, Bolívia e Nicarágua mantêm fortes laços com a Rússia, expressando apoio político e recebendo assistência militar e econômica, constituindo assim um bloco aliada Moscou com discurso antiocidental.
O Brasil e a Argentina, por sua vez, adotam posturas mais equilibradas e pragmáticas diante do conflito. O Brasil tem buscado manter uma política externa independente, priorizando o diálogo e evitando tomar lado de forma contundente, ainda que tenha manifestado preocupação com a violação da soberania ucraniana. Brasília equilibra sua relação comercial e diplomática com países ocidentais e, ao mesmo tempo, mantém canais abertos com Moscou, refletindo uma visão estratégica focada na estabilidade regional e global.
A Argentina adota uma posição semelhante, defendendo o respeito ao direito internacional e à resolução pacífica dos conflitos, sem alinhamento explícito em favor de qualquer dos blocos. A postura argentina destaca a importância do multilateralismo e o papel das organizações internacionais para evitar uma escalada que possa extender o conflito para outras regiões, incluindo as Américas.
Essa diversidade de posturas na América do Sul ressalta a complexidade do cenário global, onde interesses econômicos, históricos e ideológicos caminham lado a lado. A polarização entre o bloco ocidental liderado pelos EUA e as nações alinhadas à Rússia desenha um contexto de tensões que se refletem em múltiplos continentes, dificultando negociações diplomáticas e elevando o risco de um conflito mais amplo e multifacetado.
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(*) Com informações das fontes: Euronews, Observador, O Povo, CartaCapital, CNN Brasil, Le Monde, R7, Gazeta do Povo, Veja, CEBRI, G1, Força Aérea.
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